De todas as estrelas que brilham no céu, houve sempre uma mais brilhante e bela que todas as outras. Todos os astros do céu a contemplavam com admiração e interrogavam-se sobre qual seria a missão importante que lhe estaria destinada. A própria estrela, sem falsa modéstia, estava consciente da sua incomparável beleza e da sua importância no Universo. As dúvidas desfizeram-se num dia de Dezembro, quando um grupo de anjos se aproximou dela e lhe disse:
- Por favor, vem conosco. Deus tem uma missão para ti.
Foi assim que ela ficou a saber que deveria indicar e iluminar o local onde teria lugar um acontecimento muito importante, o mais importante da História.
A estrela encheu-se de orgulho, vestiu-se com os melhores brilhos e prontificou-se a seguir os anjos. Brilhava com tanta força e beleza que podia ser vista de todos os lugares da Terra.
De imediato, um grupo de sábios decidiu segui-la, sabedores de que deveria indicar algo muito importante.
Durante dias, a estrela seguiu os anjos, indicando o caminho, ansiosa por descobrir como seria o lugar que iria iluminar. Porém, quando os anjos pararam e, com grande alegria, lhe disseram “É aqui”, ela não queria acreditar. Não havia templos, palácios, castelos ou mansões, nem ouro ou jóias. Só um pequeno estábulo meio abandonado, sujo e a cheirar a mofo.
- Oh! Isto não. Não posso desperdiçar o meu brilho e a minha beleza, iluminando um lugar como este. Eu nasci para algo mais grandioso!
Por mais que os anjos se esforçassem por acalmá-la, a fúria da estrela cresceu, cresceu, cresceu e chegou a juntar tanta soberba e orgulho no seu interior que começou a arder. E assim se consumiu a si própria, desaparecendo em poucos instantes.
Os anjos ficaram em pânico, pois faltavam poucos dias para o grande acontecimento e não tinham estrela. Correram até o Céu e contaram a Deus o que tinha ocorrido, depois de meditar um pouco, Deus ordenou:
- Procurai a mais humilde, a menor, a mais alegre das estrelas do Céu.
Surpreendidos, os anjos atravessaram o céu escuro, até encontrarem a estrela pedida pelo Senhor. Era pequeníssima, do tamanho de um grão de areia.
- A estrela mais perfeita da criação, a mais brilhante e mais bela, falhou pela sua soberba. Penso que tu, a mais humilde e alegre de todas as estrelas, serás perfeita para iluminares o acontecimento mais importante da História: o nascimento do Menino Jesus, em Belém. – disse-lhe Deus.
Os anjos levaram-na até ao estábulo, onde ela ficou a brilhar, mas, de imediato, deu conta que o seu brilho não tinha o fulgor das outras estrelas. Era um brilho tênue, insignificante, como o deu uma candeia. A estrela bem se esforçava, mas era incapaz de brilhar mais.
Como era humilde, lembrou-se de convidar todas as estrelas do Céu para se juntarem a ela no dia vinte e cinco de Dezembro, á meia-noite. Em conjunto, iluminariam o nascimento de Jesus.
Nenhuma estrela recusou o convite. E tantas e tantas estrelas se juntaram que entre todas formaram a estrela de Natal mais bela jamais vista no Céu.
Encantado com o seu excelente serviço, e como prêmio pela sua humildade e generosidade, Deus converteu a pequena mensageira numa preciosa estrela brilhante e deu-lhe o dom de conceder desejos cada vez que alguém a visse brilhar no céu.
Vaz Nunes